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Segredos de Dale Carnegie na arte de fazer amigos e cultivar relações

Na última coluna para o Nidus Lab conversamos sobre hobbies, em que foram apresentadas 03 categorias de atividades para você explorar e estimular a criatividade, vitalidade física e uma renda extra. Se ainda não leu, vale a pena conferir e talvez ter alguns bons insights, ainda em tempo de colocá-los em prática no primeiro semestre deste ano.

O tema de hoje também é leve, divertido e repleto de boas lembranças. Apresentarei algumas ideias do best seller do escritor e palestrante Dale Carnegie, publicado no Brasil com o título: “Como fazer amigos e influenciar pessoas”.

Digo que é divertido porque Carnegie nesse livro é como um professor amigo, que ensina lições para a vida por meio de exemplos reais, nas áreas de comunicação e relações pessoais.

Os ensinamentos de Carnegie sobreviveram ao teste do tempo, pois apesar do livro ter sido escrito em 1936, ou seja, há quase 100 anos, seguem altamente relevantes e aplicáveis em nossas relações atuais. Isso é muito curioso, visto que, apesar de todo o avanço tecnológico e nas relações, a base de encantar e de cativar o outro é a mesma há gerações. Inclusive, se você assistir hoje qualquer TED ou palestra nas áreas de comunicação, negociação ou relações interculturais, verá ali os ensinamentos de Carnegie.

Vamos lá:

Faça as pessoas se sentirem importantes

Logo no início do livro Carnegie transmite, talvez, sua principal mensagem e o grande segredo de tratar com as pessoas: fazê-las sentirem-se bem e importantes. E essa mensagem não vem no sentido de colocar os outros em um pedestal ou com bajulação, mas valorizar sinceramente os talentos alheios e se interessar por suas histórias.

Carnegie lista os desejos fundamentais do indivíduo adulto como saúde, alimento, repouso, bem-estar dos filhos, dinheiro e outros, adicionando ainda a “sensação de importância” na lista. Para tanto, explica que, via de regra, esses desejos são razoavelmente supridos, menos um que “se apresenta quase tão profundo, quase tão imperioso como desejo de alimento ou de repouso e que raramente é satisfeito”, que é o desejo de se sentir grande e importante.

Saber isso já é muito relevante para tentar entender alguns comportamentos sociais, razões de agir ou motivações, mas o autor vai além e apresenta o caminho para melhorar relações, cativar equipes e/ou transformar vidas com a valorização e destaque de talentos e ações, por meio da apreciação sincera e oportuna

O autor ensina que a crítica pura é altamente destrutiva, contudo, muito falada. Já a apreciação e o encorajamento é sempre deixado para depois e, na maioria das vezes, ignorado. Cita um ditado: “O mal fiz uma vez e nisso sempre falaram; o bem fiz duas vezes, mas nisso nunca falaram”.

Ou seja, a principal forma de motivar alguém é destacando seus sucessos, vitórias e habilidades, mas quase sempre fazemos o contrário – estimulamos a crítica pura e o desabono. Identificar e eliminar esse tipo de comportamento para com os seus é uma forma incrível de transformar relações pessoais ou profissionais.

Uma de suas frases que sintetiza tudo isso, é: “Seja sincero na sua aprovação e pródigo no seu elogio e as pessoas prezarão suas palavras, guardando-as e repetindo-as durante toda a vida – repetindo-as anos depois, quando você já as tiver esquecido”.

Se você está em dúvida acerca da diferença entre elogio e bajulação, Carnegie também ensina: “Um sincero e a outra insincera. Um vem do coração; a outra da boca para fora. Um é altruísta; a outra é egoísta. Um é universalmente admirado; a outra universalmente condenada”.

Lembre-se do nome dos outros

“Lembre-se de que o nome de um homem é, para ele, o som mais doce e mais importante que existe em qualquer idioma”.

Em um dos capítulos do livro, Carnegie ensina a importância do nome para o indivíduo, que é um atributo que torna a pessoa única entre a multidão. Isso, de certa forma, pode parecer clichê e senso comum, eis que é fácil reconhecer essa relevância, mas quando interagimos com outra pessoa, quantas vezes negligenciamos isso e esquecemos o nome do outro após alguns segundos?

O quão frustrante pode ser para você se após ensinar algo, fazer um favor, oferecer uma proposta de negócio, comprar alguma coisa ou até mesmo flertar com outro, essa pessoa nem sequer lembrar seu nome ao final da interação, pronunciar de forma torta ou ainda inventar um apelido?

O autor apresenta no livro vários exemplos de interações e negócios bem sucedidos por um simples gesto de lembrar o nome do outro, pronunciar de forma correta ou, ainda, valorizá-lo. Explica que muitos homens fazem doações vultosas para instituições, museus ou bibliotecas de forma a preservar seu legado na forma de seu nome. 

Eu que me chamo “Raony Kambará” sofro constantemente com esse problema. Falam meu nome das mais diversas maneiras, acentos e frequentemente escuto uma história sobre o cacique Raoni e sua interação com o Sting. Ao longo da vida aprendi a não dar muita bola para isso e mesmo que me chamem de “RaoLin”, acabo atendendo. No entanto, quando alguém de pronto fala <<Rá-ô-ní>>, certamente já ganha pontos e arranca um sorriso e atenção sincera.

A lição aqui é, portanto, prestar muita atenção e memorizar o nome do seu interlocutor para, além de mostrar respeito, criar empatia e reforçar a conexão. 

Seja genuinamente interessado nas outras pessoas

Carnegie ensina que: “Você faz mais amigos em dois meses tornando-se genuinamente interessado em outras pessoas do que em dois anos tentando fazer com que outras pessoas se interessem por você.”

Uma das boas histórias de Carnegie é uma na qual participou de um jantar muito elegante oferecido para ilustres convidados em Nova York. Na ocasião sentou-se ao lado de um botânico e ouviu com muita curiosidade e atenção suas histórias por horas, que foram desde plantas exóticas, batatas e até cuidados com jardim. Ao final da noite, despediram-se amigavelmente e seu interlocutor falante o elogiou prontamente ao anfitrião, “a prosa mais interessante da noite”.

Sobre isso, Carnegie reflete no livro: “Uma prosa interessante? Eu? Porque, afinal de contas, quase nada disse. Nada poderia ter dito, se eu tivesse querido, sem mudar de assunto, pois conheço tanto de botânica como da anatomia de um pinguim. Mas fiz o seguinte: ouvi atentamente”

Mais do que ouvir atentamente, ele se interessou genuinamente pela história do outro, navegou elegantemente em assuntos desconhecidos e, além de ter absorvido novo conteúdo, fez um novo amigo. 

Os ensinamentos de Dale Carnegie podem parecer fáceis de colocar em prática, mas na verdade não são. As pessoas gostam de falar de si, de contar suas histórias e de parecerem importantes, sem lembrar de estimular isso no outro. Se você conseguir trazer para sua vida algumas das práticas mencionadas, certamente será mais bem-vindo, amigável e, por consequência, uma pessoa mais interessante, afinal, quando você se interessa por outras pessoas, elas se interessam por você.